terça-feira, 11 de setembro de 2018

Handmade lures - Iscas artificiais feitas à mão

Desde os primórdios, o homem tem se dedicado em pescar com iscas naturais. Todavia, o uso de iscas que imitassem o alimento natural do peixe parece que exercia, já naquele tempo, certo fascínio. Assim, as iscas artificiais, sejam as moscas artificiais (fly fishing) ou os plugs (peixinhos) foram se desenvolvendo com grande velocidade.
Na verdade, o mundo da pesca com iscas artificiais se divide basicamente em dois: Fly Fishing, que é a pesca com mosca cujo arremesso é pela linha de fly utilizando-se de iscas construidas com pelos, penas, fibras, etc e o Baitcast; pesca com iscas artificiais construidas em madeira, plásticos, metal, etc e que são  arremessadas por carretilhas ou molinetes.
É comum, no âmbito da pesca com mosca, o pescador construir suas próprias iscas, utilizando técnicas e ferramentas desenvolvidas ou adaptadas para esta finalidade, além dos materiais diversos para a obtenção da imitação desejada e aí a conversa vai longe, fugindo do objetivo deste texto.
Na mundo das iscas artificiais arremessadas por carretilhas e molinetes (baitcast), a diversidade é enorme. Desde os plugs, que são imitações de peixinhos feitos em madeira ou plástico, até as iscas metálicas, tais como colheres, spinners, etc., todos servem à um destino comum: enganar e fisgar o peixe.
Na verdade, a construção destas iscas vem de muito tempo, onde os artesão faziam-nas em metal, posteriormente em madeira e esculpidas à mão, obedecendo o desenho ao gosto do construtor.


Com a evolução do campo industrial e o surgimento dos materiais plásticos, o mundo das iscas artificiais sofreu uma verdadeira revolução. Nunca houve na história da pesca com iscas artificiais uma evolução tão grande. Iscas cada vez mais modernas, materiais de última geração, cores surpreendentes fizeram surgir iscas que parecem com peixes de verdade.
Muitos fabricantes substituíram a madeira por material plástico, porém, algumas grandes indústrias de fabricação em larga escala com o uso de máquinas especiais, ainda as utiliza em sua produção.
Mesmo assim, a arte de fazer iscas artificiais à mão nunca foi posta de lado pois existem centenas de pescadores que as fazem com desenhos exclusivos, pinturas sensacionais e acabamento primoroso, pondo muito fabricante à menos.


Fazer uma isca artificial  é, além da arte, um prazer enorme. Já pensou em fisgar um peixe com uma isca artificial feita por você? O prazer é dobrado. Além disso, as iscas artificiais feitas à mão são pra lá de exclusivas; são peculiares em sua função e não tem a venda em qualquer loja, embora alguns luremakers as façam por encomenda.



Os Luremakers (como são chamados os que fazem as iscas artificiais à mão) costumam utilizar diversos tipos de madeira em seus trabalhos: balsa, caxeta, cedro, etc. dentre tantas que podem ser usadas para tal finalidade, obedecendo ao desenho previamente elaborado, seja para a construção de um stick, como uma crankbait, frog, popper, zaras e por aí vai. Além do desenho, as iscas são pensadas para ter seu ponto de equilíbrio na água visando sua ação: para superfície ou fundo, com ou sem barbela, movimento de zara, etc.



Além do desenvolvimento, outro ponto prazeroso é a pintura e finalização das iscas; verdadeira arte! As cores escolhidas e os detalhes mostrarão sua criatividade, sempre pensando no principal, que é imitar a presa que o peixe alvo gosta de comer.


Mas uma coisa chama a atenção e neste ponto eu acho fantástico: as iscas artificiais feitas em madeira e à mão terão vibrações diferentes umas das outras, isso porque nenhuma madeira é exatamente igual em sua densidade quando comparadas entre sí e a própria construção é diferente uma das outras, resultando em vibração exclusiva. Alguns construtores de iscas americanos afirmam que o peixe memoriza a vibração por ocasião de alguma fisgada anterior, tendo isso como um perigo, assim, o peixe evita atacar a isca apresentada quando esta tem aquela vibração memorizada. Nas iscas em madeira, feita à mão, isso não acontece pois possuem vibração sempre diferentes uma das outras.
É como acontece com os instrumentos feitos por luthier, como os violinos, viola, violões, etc. onde nunca estes tem sonoridade igual.
Diante de todas essas considerações, passei a fazer minhas iscas artificiais. Confesso que isto é contagiante, um vício muito saudável. É muito bom para a mente naqueles dias em que não podemos pescar, colocar uma boa música e ir para a bancada fazer as iscas.
Hoje em dia a internet é fonte riquíssima de informações e conhecimento para aqueles que desejam iniciar na arte.
Alguns sites possuem todo o aparato necessário para o aprendizado, tais como textos, desenhos e excelentes vídeos explicativos.
Eu indico alguns para que está começando, mas existem muito mais:
https://woodenlureworkshop.com/wooden-lure-making-101/
http://homeluremaking.blogspot.com/
https://makewoodenlures.com/
Uma dica: seja curioso, pesquise bastante e você fatalmente será um bom artesão.
Fazer as iscas artificiais é fácil e não é necessários ferramental complicado. Um bom estilete, lixas, pinceis, tintas e verniz já é possível começar. O importante é pesquisar bastante e ir aprendendo a cada dia os truques e macetes para se fazer uma boa isca artificial. Material disponível na internet tem de sobra.
Boa sorte!!


Tucunaré fisgado com a Zureta 60 desenhada por mim.

 Grato por acompanhar meu Blog


terça-feira, 29 de maio de 2018

Pesca Ultralight - Prazer e diversão

A Pesca com Equipamento Ultralight


O mundo da pesca esportiva com iscas artificiais é tão amplo e com tantas inovações que muitas vezes a gente se perde. Assim, o melhor é conhecer as modalidades de forma geral mas se especializar naquela que mais nos identificamos. Particularmente, tenho procurado a simplicidade nas pescarias visando sempre bom resultado, o mais minimamente possível. 
Muitos pescadores procuram por grandes troféus. Claro... é a alegria e recompensa por todo o esforço de uma pescaria bem sucedida, mas não é sempre que isso é possível. Normalmente tem que se deslocar para lugares distantes envolvendo grandes custos, de boa estrutura de pesca, equipamentos adequados (além os reservas), sem falar dos compromissos da vida e as tais viagens acabam por ocorrer somente em período de férias ou em feriados prolongados, ou seja, poucas vezes no ano.
Pensando nisso e sem muita disponibilidade de tempo em viajar para locais mais distantes, tenho pesquisando sobre pescarias que possam ser feitas em locais mais próximos de casa e em condições mais acessíveis; acabei por me deparar com a pesca com iscas artificiais utilizando equipamento super leve; a pesca ultralight ou UL. Achei o assunto numa matéria na antiga revista Troféu Pesca publicada há anos. Fiquei encantado pois era justamente o que eu estava procurando!
Equipamento leve, formado por varas de 2 à 6 libras, com comprimento variando entre 5 à 6 pés, molinete pequeno tamanho 500 à 1.000 e linha principal capacidade máxima de 6lbs. As iscas tipo plug, tanto de superfície como de meia-água, com tamanho máximo de 6 gramas, pequenos spinners e os grubs. Estes são os elementos que compõe conjunto ultralight.
É impressionante como a pescaria UL é divertida e eficiente.
Devido a apresentação mais delicada das pequenas iscas na água aliado ao seu nado, o predador se sente enfeitiçado e as atacam vorazmente. Naqueles dias em que o peixe está manhoso, de difícil captura, onde a gente passa do dia trabalhando os plugs grandes e nada de ação, experimente usar um equipamento ultralight; com certeza vai salvar o dia de pescaria. O poder do conjuntinho ultralight é formidável: não o subestime! Já tirei peixe da água de quase dois quilos pescando com ultralight.


 Tilápia fisgada com ultralight

O importante é a técnica. Conjunto bem ajustado e equilibrado, molinete com a fricção (drag) bem calibrada com relação à capacidade da linha são fundamentais. Veja a capacidade da linha principal do molinete, divida por quatro e regule o molinete, ex.: Se alinha principal suporta 6lbs, o molinete deverá ser ajustado para tracionar um peso de aproximadamente 1,5lb. Desta maneira, se a força do peixe exceder esse peso, o molinete libera a linha através do ajuste da fricção no sentido de não deixar a linha romper, muito menos quebrar a vara. Use uma balancinha de gancho ou mesmo um alicate de contenção que possua balança, amarre na ponta da linha do conjunto montado e puxe a vara, sem forçar, até atingir o peso estabelecido como máximo. Assim que passar, vá liberando o botão da fricção até que este comece a liberar linha suavemente. Pronto, seu equipamento está ajustado. Procure não alterar esta regulagem quando estiver pescando.
Um ponto importante é a qualidade do conjunto. Procure usar varas de carbono. O molinete deve ser de boa qualidade, especialmente quanto à fricção, pois esta deverá liberar a linha de forma suave e sem trancos pois, por se tratar de linha muito fina, qualquer falha fará a linha se romper. Trabalhe com a fricção mais aberta, se for o caso.
São muitos os peixes que você poderá pescar com o ultralight; lambarís, tilápias, traíras, tucunarés, saicangas, jacundás, ou seja, qualquer que seja o peixe predador, não resistirá ao encanto das pequenas iscas UL.
O trabalho das iscas é um pouco mais sutil, sem grandes movimentos, de acordo com as espécies alvo. Pode ser por recolhimento contínuo, por pequenos toques de ponta de vara ou combinando esses movimentos, alternando a velocidade de recolhimento. Tudo depende do tipo de isca utilizada, se plug, pequenos shads, grubs, etc.
Agora você já tem um idéia do que é a pesca com ultralight.
Uma coisa é certa: as grandes e memoráveis pescarias nem sempre são aquelas em que você precisar ir longe; elas podem ocorrer perto de casa, naquela represa ou lago que às achamos que tem peixe, como muitas vezes já aconteceu comigo.
Uma dica: Não despreze aquele lago meio esquecido, onde poucos pensam que nem peixe tem!
Lembre-se ainda: Não existe pescaria sem graça.... existe sim equipamento super dimensionado e desequilibrado.
Experimente você também pescar com um conjuntinho ultralight e seja feliz!
Veja abaixo alguns vídeos de pesca com equipamento ultralight.
Abraço!



 

 

 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Tenkara - O que é isso?


As águas corriam delicadamente pelas pedras do rio, esculpidas através de milhares de anos. O aroma da vegetação molhada subia pela encosta e exalava seu perfume marcante. 

Ao longe, um pescador caminhava pelas águas do pequeno rio, silenciosamente, com um caniço em mãos, a arremessar aqui e acolá, em busca do peixe.
Eram apenas ele e a natureza, nada mais.

Tenkara Fly 

                                Dr.Hisao Ishigaki em ação - Tenkara USA


 Pode-se imaginar que as linhas iniciais desta matéria pertençam a um romance, mas não. Essa é a descrição do cenário onde se passa uma das mais sensacionais formas de pescar: o método de pesca com mosca desenvolvido há alguns séculos no Japão, denominado Tenkara (lê-se tencará), nome literalmente traduzido do japonês como “dos céus”, cujo equipamento se constitui de uma vara telescópica lisa, desenhada exclusivamente para essa modalidade que, em sua ponteira, tem uma linha de nylon  trançada (cônica) ou ainda feita de monofilamento simples (level line)  do mesmo comprimento ou um pouco maior que o da vara, unida a uma linha de náilon fina (tippet) e atada a uma pequenina mosca como isca.



Trata-se de uma modalidade extremamente simples, mas bastante elegante, minimalista em sua essência, que não requer experiência anterior nem aprendizados mirabolantes para seus lançamentos: precisa-se, apenas, uma vara telescópica de equilíbrio e ação próprios para tenkara, um par de calçados para andar pelo rio, uma pequena bolsa para levar iscas e um olhar observador para admirar todo o encanto que a natureza nos proporciona.


Inicialmente criado para se pescar em rios com corredeira, cujo desafio era arremessar a mosca do outro lado da margem com boa apresentação mas sem que a correnteza arrastasse a mosca e a linha, o estilo Tenkara é muito eficiente nessas situações. Por isso eles desenvolveram a ideia de varas longas com linhas leves (chamado high stick no ocidente) pois a vara longa sendo segurada com a ponta para o alto (uns 50° de inclinação ou mais) tornava possível arremessar a mosca no remanso, do outro lado da corredeira, e mantê-la se movimentando na área de ataque do peixe por muito mais tempo. 
Não é propósito desta publicação defender a tese de que o estilo Tenkara é mais eficiente que o estilo Fly fishing ou algo parecido, mas apenas mostrar mais um estilo de pesca com mosca que, mediante observações, a combinação vara/linha/isca foi responsável pela origem de todos os estilos de pesca esportiva hoje conhecidos.  Sabendo-se que a pesca com cana e linha vem dos primórdios, a evolução ocorreu de forma espontânea e natural;  com a idéia de se lançar as iscas à distância maiores, surgindo então duas vertentes - A primeira com a utilização das linhas trançadas para arremessos maiores, dando origem ao que conhecemos hoje como fly fishing - e outra, que ocorreu com o surgimento de linhas finas em nailon enroladas em carretel, dando origem ao estilo conhecido como baitcasting, que nada mais é que o ato de se lançar iscas com equipamento de molinete ou carretilha.


Mas engana-se quem pensa que o estilo Tenkara só se presta à pesca em rios de montanha, como ocorria nos primórdios. Lagos, pequenos açudes e represas são locais onde é possível praticar essa modalidade com muita técnica e eficiência. Atualmente, este estilo  vem tomando espaço no mundo todo, mesmo sendo uma modalidade cuja propagação é muito recente, ou seja, menos de 10 anos, sendo novidade para muita gente. São vários os países que já estão praticando esse estilo: Estados Unidos, Canadá, lugares como a Patagônia, Rússia, Portugal, Espanha, países do Leste Europeu, etc.

Uma história curiosa é que no Japão, origem desse estilo de pesca, a prática foi por muito tempo restrita somente aos pescadores dos rios de montanha japoneses; uma espécie de elite. A propagação da tenkara no Japão ocorreu quando um brasileiro (Daniel Galhardo) radicado nos EUA fundou a empresa TenkaraUSA, se tornando um dos grandes incentivadores da modalidade naquele pais. Isso gerou tanta repercussão que a modalidade se tornou conhecida inclusive no Japão, de forma mais ampla, graças a divulgação vinda de fora. Aqui no Brasil a prática vem ganhando cada dia mais adeptos, já que a maioria dos pescadores brasileiros tiveram como escola a pesca com caniço/linha/isca na captura dos faceiros lambaris, sem falar da nossa excelente estrutura pesqueira e de peixes pra lá de sensacionais!




Originalmente, as varas para Tenkara eram de bambu, feitas por artesãos japoneses, que as produziam como obras de arte. Hoje, essas foram substituídas por caniços fabricados em grafite ou outros materiais de alta tecnologia, como a fibra de carbono, sendo materiais de dureza e elasticidade específicas, com cabos de cortiça ou de espuma. O comprimento das varas moderans varia entre 11 e 14 pés (de 3,3 a 4,2 metros) e o peso é baixíssimo, com centro de gravidade variando entre 17% à 20%. A utilização de varas mais longas descaracteriza essa modalidade e faz parte de outra semelhante, de origem italiana, denominada Valsesiana, que é um método tradicional e antigo da pesca com mosca, típico da região da Valsesia, num vale no sopé do Monte Rosa, no noroeste dos Alpes italianos. Embora a Valsesiana seja um estilo tão antigo como a Tenkara, essas modalidades não foram as únicas praticadas pelo mundo. De forma semelhante, o uso da combinação vara/linha/isca também foram usados nos tempos antigos em outros países da velha Europa e Ásia.



 
A linha de arremesso principal pode ser torcida, lisa cônica ou monofilamento de náilon ou fluorcarbono e tem um tippet de náilon fino atado em sua extremidade. A linha principal é conectada à ponta da vara e tem o mesmo comprimento ou um pouco maior de que a da vara. A linha principal é que leva a energia do arremesso à isca e proporciona um lançamento correto, proporcionando lançamentos com apresentação bastante delicada da mosca ao peixe. As iscas para essa modalidade eram atadas originalmente em soft-hackles para frente no sentido do olho do anzol, resultando em um movimento de pulsação no trabalho da isca. Porém, não há limites para a utilização. Praticamente todas as moscas usadas no flyfishing convencional podem ser usadas com sucesso na Tenkara: ninfas, moscas secas, pequenos streamers, terrestrials, ovas, hair-ball, etc.


Kebaris - assim são chamadas as moscas artificiais no Japão


Existem algumas considerações com relação ao trabalho da mosca: em rios de águas rápidas, deve-se arremessar corredeira acima e deixar que a mosca do tipo ninfa ou mosca seca venha à deriva sem influenciar em sua trajetória; já em águas paradas, onde é necessário imprimir algum movimento, arremessa-se a isca no ponto desejado e se aguarda sua chegada ao fundo ou à meia-água, no caso das ninfas, e se arrasta delicadamente, com o movimento da ponta da vara, sempre atento, pois é geralmente nesta circunstância que o peixe ataca. Pode-se revezar a ação com algumas breves pausas. O mesmo serve para pequenos streamers, onde o movimento de ponta de vara de forma delicada proporciona vida à mosca. Utilizando a mosca seca em águas paradas, a dica é lança-la no ponto desejado e esperar o ataque do peixe, mas também é possível, de maneira muito sutil e delicada, arrastar a mosca seca para formar uma pequena ondulação na água, a fim de imitar o debater-se de um inseto ou a maneira com que o vento o arrasta. 


Atualmente, as varas Tenkara são telescópicas e, quando as retraímos, seu comprimento é bastante reduzido, algo em torno de 20 e 30 centímetros, não exigindo muito espaço para seu transporte durante uma viagem, seja de carro, moto, avião ou bicicleta. A bolsa necessária para armazenar acessórios tais como linhas, moscas e demais equipamentos é igualmente pequena, o que facilita a vida do pescador durante os deslocamentos.

Outro ponto interessante é o baixo custo do equipamento por não havar a necessidade de aquisição de carretilha e linha de arremesso quando se comparado com o fly fishing convencional, cujos valores iniciais para a aquisição da vara Tenkara/Linha principal/Tippt/moscas são bastante acessíveis, com a relação entre o custo/benefício bastante atraente. 

Em águas brasileiras os lambaris, Tilápias, Saicangas, Piabanhas, Pirapitingas-do-sul e até pequenos Tucunarés fazem parte da enorme gama de peixes que podem ser pescados nessa modalidade.

Esse método também pode ser utilizado nos lagos dos pesque-pague, com iscas que imitem ração, ninfas e moscas secas. Os resultados e o divertimento são garantidos. 

E se alguém pensa que essas varinhas só se prestam para embates com peixes de pequeno porte, engana-se. Elas são extremamente poderosas. Há relatos de pescadores que já fisgaram trutas com quase três quilos e conseguiram tirá-las da água. Claro que eles demonstraram grande habilidade para tal façanha, mas dificilmente conseguiriam caso utilizassem varas pouco resistentes.



A modalidade Tenkara é muito interessante quando usada na captura dos pequenos peixes, aqueles que normalmente estão perto de nossa casa. Sendo considerada como uma forma ultralight de pesca com mosca, a emoção de se fisgar os pequenos é muito aumentada neste estilo, justamente por sua delicadeza. Imagine a adrenalina que este estilo nos proporciona!

Assim, não deixe de conhecer melhor e de experimentar o estilo tenkara nas suas próximas pescarias. Tenho certeza de que você vai se surpreender!

Assista ao vídeo sobre Tenkara abaixo.










Texto: Reginaldo Bueno das Neves, com fragmentos retirados da matéria para a Revista EcoAventura de minha autoria.

Fotos e ilustrações: TenkaraUSA, internet, Tenkara in Siberian.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Tilápias rendallis no fly fishing - Mosca Cigarrinha

Mês de novembro e as rendallis estão na ativa.
O inverno acabou e as tilápias entram em fase de reprodução, fazendo seus ninhos em lugares mais rasos, onde fazem buracos no leito da represa para a procriação. Assim, nos meados de outubro e novembro elas começam suas atividades de caça. Um dos alimentos prediletos das rendallis, além dos insetos aquáticos em fase larval ou ninfas, elas adoram os siriris e as cigarras, que cantam às margens da represa e, não raro, caem na água acidentalmente, se tornando um verdadeiro banquete.
Pensando nisso, atei algumas moscas imitando a cigarra, nas cores marrom e verde. A cigarra na cor marrom foi a que mais deu resultado. Construida em EVA, com asas feitas em material sintético brilhante e um par de pernas de borracha, esta mosca mostrou-se muito eficiente quando trabalhada com pequenos e sutis toques, seja na puxada da linha ou com a ponta da vara, mas de forma bem delicada, somente para a mosca mexer as pernas, um atrativo especial que chama muito a atenção das tilápias.
Ás margens de barrancos, com fundo em terra, com árvores fazendo sombra na água e algumas flores ou frutos caindo, esse é o ambiente onde as tilápias normalmente se encontram, se alimentado dessas flores e frutos que caem e, como não, alguma cigarra que desprende de alguma árvore.
Arremessando nestes locais, e trabalhando a mosca corretamente, você terá sucesso na captura das tilápias rendallis.
Estava pescando num dos pontos da represa, trabalhando a mosca com velocidade um pouco mais alta, a tilápia rebojou em cima mas não fisgou. Arremessando novamente no mesmo ponto e trabalhando a cigarra mais lentamente, a tilápia atacou sem dó.
Pescar tilápias rendallis nas represas perto de casa é uma emoção pra lá de sensacional, afinal, qual represa não tem tilápia em suas águas? Trata-se de um peixe exótico trazido do continente africano que se adaptou tão bem em nossas águas que é raro alguma represa não as ter.  E este peixe peixe é muito arisco e briguento, o que torna sua pescaria muito esportiva, pois para se  obter sucesso, requer aproximação silenciosa (daí o uso do caiaque), sutileza e técnica. Engane-se que pensa que tilápia rendalli abocanha qualquer coisa; ledo engano.
Para este tipo de pescaria, eu utilizo equipamento de fly fishing nro #3, linha floating WFW e líder de, no mínimo, ao do comprimento da vara mais tippet de aproximadamente um metro no diâmetro Ø 0,16/0,18, não maior.
Outra opção são os equipamentos ultra-lights, com molinetinhos série 500, vara entre 2 e 6 libras e linhas Ø 0,18. Neste caso as pequenas iscas com no máximo 4 cm são as que irão funcionar bem, especialmente as que imitam cigarras. Tremenda esportividade!!!
No meu caso, que estava pescando com equipamento de fly, as moscas que vão bem são as ninfas como as bead head nymph (puxadas de forma constante) e as secas, como a cigarrinha e a deer hair caddis.
 Abaixo, a mosca Cigarrinha


Mosca Deer Hair Caddis


Bead head nymph



Veja o vídeo da pescaria.


É isso aí, pessoal. Não esqueçam da dar um joinha no vídeo e assinar o canal.
Abraço.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Tilápias Rendallis - Briguentas, esportivas e ariscas!

Pescar uma tilápia rendalli na natureza com equipamento de mosca é pra lá de incrível; ver o bote da bocudinha numa mosca de superfície é coisa linda, especialmente se você mesmo atou a mosca.
Pensando nisso, o nosso amigo colaborador e mosqueiro Marcelo Figueiroa (Biólogo) lança o Mini-curso sobre o assunto.
A conversa vai desde as técnicas de captura até o atado das moscas que ele usa em suas pescarias, sempre com o respaldo de anos de pescaria desta espécie nas represas do Sudeste, o que o faz um experiente na modalidade.
Não deixe de visitar
Mini-Curso sobre a pesca de tilápias rendallis no Fly.

Assista também o vídeo informativo


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Falcon, o novo caiaque da Lontras

Desde o início de suas atividades, a fábrica de caiaque LONTRAS tem, como objetivo, o desenvolvimento constante de novos produtos e soluções para atender aqueles que usam o caiaque em suas recreações, especialmente a pesca esportiva. Assim, graças ao vídeo fornecido e elaborado por nosso colega pescador, André Sesquim, que é colaborador da Revista Pesca & Cia, estamos compartilhando com você mais essa novidade; o Caiaque Falcon, de excelente navegabilidade e com designer super moderno e deslocamento por pedal. Eis o vídeo do caiaque Falcon:



terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A mosca Gotcha esquecida na caixa.

Outro dia fui pescar com meu caiaque numa represa aqui perto de São Paulo. Equipamento de fly #5 e #7 são os que sempre levo pois, dependendo das condições do dia e dos tamanhos de moscas a serem utilizadas, eu tenho como escolher entre um ou outro. Sabe aqueles dias em que o peixe refuga a isca? Pois é! Estava assim a situação. Rebojo na água com o peixe atrás da isca mas nada do peixe fisgar. Já havia tentado de tudo... mosca clara, escura... grande e pequena... puxadas mais rápidas, mais lentas. Nada! Por fim, achei uma mosca que estava escondida na caixa de moscas, uma Gotcha. Esta mosca é muito parecida com a clássica Clouser Deep Minnow, inventada em 1987 por Bob Clouser, muito utilizada em água salgada mas com igual sucesso em água doce. A gotcha parece ser uma variação da clouser minnow. Havia atado essa mosca há muito tempo mas, como utilizei olhos um pouco mais pesados, esta mosca exige uma certa técnica para arremessar por sofre muito arrasto do vento no arremesso, o que me tirava da zona de conforto, deixando-a abandonada na flybox... Amarrei a isca ao tippet e lancei... O peixe atacou na hora. Esta mosca foi a salvação e me salvou o dia de pescaria. Isto tem me acontecido com certa frequência. Pescaria é sempre uma caixinha de surpresa, não tem jeito. Eu só tinha um exemplar da gotcha na caixa, o que me garantiu o dia; agora tenho um bom motivo para me debruçar na bancada de atado e fazer ao menos uma meia dúzia delas. Depois de várias fisgadas e capturas, foi a vez da mosca Gênesis fazer a festa. Essa é consagrada como a grande pegadora! Vejam o vídeo.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Pescando com fly e ultra-light: matando a saudades!

Quando conheci pela primeira vez através de uma revista o sistema de pesca ultra-light usando micro molinetes com varinhas bem leves e os spinners, eu pirei! Pronto, acho que encontrei um jeito muito legal de pescar os peixes que estão perto de casa que são normalmente pequenos. Sim, os pequenos peixes são mais abundantes e nem por isso menos emocionantes de se pescar, porém tudo depende do tipo de equipamento e a forma de pescar. Acontece que nas represas que normalmente estão mais perto de casa os tem em grande quantidade, assim, o caniço ultra-light além de ter boa eficiência, proporciona maior emoção. Me lembro muito bem que com o ultra-light, fiz pescarias memoráveis de traíras, lambaris e tilápias em praticamente tudo quanto é tipo de córrego e lagos que encontrava pela frente; lagos em condomínios, hotéis, abandonados nos sítios por aí... Quanta traíra de bom peso eu fisguei quando ia passar o final de semana com os amigos nas casas de campo onde ninguém dava nada para o lago ali existente. Teve um primo meu que pescava só no mar e me convidou pra visitá-lo em Caraguá. No fundo da casa havia um pequeno lago. Lá fui eu com o ultra-light e capturei uma linda traíra. Este primo ficou tão doido pelo jeito de pescar que comprou um equipamento ultra-light na mesma semana e, acostumado pescar no mar, me disse depois: "Cara, a emoção da pesca com as isquinhas não perde para os peixes que pego na mar, hein??" Depois, o ultra-light me fez descobrir o fly fishing; outro encanto! Hoje só pesco com mosca e, quando quero relembrar, vou de ultra-light. Para matar a saudades, fui pescar com meu caiaque numa represa perto de São Paulo e levei os dois tipos de equipamento: um ultra-light Quantum com linha 0,18 e micro spinners, e um conjunto de fly #5 para streamers. Logo no meio da manhã o tempo mudou, entrou chuva, mas os peixinhos apareceram. Veja no vídeo. Para assistir no Youtube, clique em cima do vídeo!

sábado, 9 de julho de 2016

Pesca com mosca e caiaque - Ep. 01

Ficar em casa vendo TV num final de semana com o dia maravilhoso não dá, não é mesmo? Dia lindo, porém inverno, mas a temperatura estava alta para a época, com clima bem agradável. Assim, eu e meu parceiro Paulo Alison (que pesca com float-tube), fomos atrás dos tucunarezinhos numa represa bem perto de São Paulo. Mesmo no inverno, os peixes estavam ativos, atacando nossas moscas com voracidade. Um fato que chamou a atenção foi o ataque dos tucunarezinhos em isca grandes, sobretudo as "Gênesis", trabalhando-as com puxadas e toques curtos, fazendo a isca trabalhar na sub-superfície. Outra isca que mostrou sua eficiência foi a clouser-minnow nas cores verde limão com branco ou laranja com amarelo. Arremessa a clouser no ponto escolhido, aguardando alguns poucos segundos para a isca descer e então inicia-se puxando a linha com um pouco mais de velocidade. Se o bocudinho estiver ali, o ataque é imediato, especialmente na caída da mosca, imediatamente após o arremesso. Nestas situações, um ou outro jacundá aparece, como aconteceu; o Paulo fisgou vários. Esta espécie tem o comportamento parecido o o black-bass, onde alguns pescadores dizer ser este o nosso verdinho! A traíra também pode aparecer, porém no inverno, esta espécie fica entocada, hibernando. Neste dia nenhuma deu o ar da graça! Remando o caiaque atrás dos bons pontos de pesca, a gente fica totalmente integrado na Natureza... que coisa boa!!! Uma experiência que todo o pescador esportivo deveria experimentar é pescar utilizando o caiaque como meio de locomoção. Veja o vídeo. Clique no nome do vídeo para assistir no Youtube.

terça-feira, 5 de julho de 2016

As capivaras e as tilápias

Final de ano, férias e lá vamos nós em viagem com a família à uma cidadezinha do interior de São Paulo, cujo lago secou-se completamente com as secas de 2014/2015. Interessante notar a capacidade da natureza em se recuperar. Imagino que se o homem não mais existisse, a Natureza com os anos se recuperaria totalmente. Assim, após a época de chuvas, o lago encheu um pouco e um bom número de tilápias já apareceram. Um fato curioso é que em menos de um ano, o lago já estava repleto de pequenas tilápias, bem saudáveis e vorazes. Outra curiosidade é que as tilápias beliscam os pelos das capivaras que por ali moram e que ficam na água, quietinhas. As tais tilápias se alimentam provavelmente de pequenos insetos e ácaros que vivem no pêlo das capivaras. Arremessando bem ao lado das capivaras cevadoras, quando paradas, as tilápias atacavam a mosca sem dó pois estão ali, cevadas. Muito interessante. Veja no vídeo abaixo. Se você preferir assistir no Youtube, clique sobre o título do vídeo.